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Odilon Redon
Bouddha, 1905-1910, pastel sobre papel, 90 x 73 cm. Musée d’Orsay, Paris – França: www.musee-orsay.fr

 

Bouddha

Nesta obra encontramos o talento colorista de Redon. A cor é alegre e luminosa, e a intensidade cromática deve-se ao uso de tons puros, como azuis e amarelos justapostos, causando um forte impacto visual. A textura pigmentada, própria da técnica do pastel, é bastante visível na obra.

Quando Redon abandonou o monocromatismo, presente na obra Le Juré, em favor de uma intensa diversidade cromática, abandonou também as abordagens temáticas de forte intensidade dramática. Este segundo momento de sua linguagem fica bem evidente em obras como Borboletas, no tema mitológico de Ciclope e na obra aqui comentada.

O movimento fundado por Buda afirmava que a libertação humana poderia ser atingida através do caminho da sabedoria, pelo corretismo dos pensamentos, visões, intenções, esforços, palavras, resoluções, conduta e meditação. Essa sabedoria e conhecimento constituem a Bodhi, ou iluminação. Assim Bouddha, como era conhecido Sidarta Gautama, significa o Iluminado. A mitologia desse personagem conta que ele emergiu da flor de lótus, símbolo do florescimento e desenvolvimento espiritual, da sabedoria e do nirvana. A flor aberta, em forma de roda, representa a Roda da Existência.

Nesse quadro, Redon dá aos elementos naturais, tão importantes na história de Buda, uma beleza especial através do uso arrojado das cores. A luz incide sobre o interior da árvore, e é essa mesma luz que ilumina o caminho onde Buda se encontra, em um momento de pausa. Em sua serenidade ele transmite paz, tranqüilidade e espiritualidade ao ambiente. O equilíbrio da composição é atingido pela disposição dos elementos. A figura de Buda tem uma correspondência vertical com a árvore, assim como o conjunto superior de flores tem uma correspondência com as folhagens no primeiro plano. No desenho não há ângulos violentos nem linhas em conflito, ao contrário, as linhas de Redon desmancham-se suavemente, diluem-se em zonas de cor.

A cor de Bouddha não tem relação com os tons desvanecidos da existência cotidiana, ao contrário, é mais uma das transfigurações do conteúdo místico tratado pelo artista. Das cores vibrantes e frias do céu, assim como das quentes presentes na roupa de Buda e no chão, emana uma forte energia. Redon reconhecia em Buda um mestre do espírito, da contemplação, um sábio das transformações individuais lentas e progressivas, um guia pautado na humildade, na bondade e na força da sabedoria. Esta obra expressa tal admiração.

Em A Mansão de Quelícera, esta imagem foi apropriada em duas situações. Primeiro, a figura de Buda foi base para construção do habitante Odilon, que aparece apenas para Vivian, revelando segredos importantes para o seu trânsito dentro da Mansão. Segundo, a paisagem de fundo de Bouddha foi base para a criação do espaço que abriga o desafio do jogo-da-forca, na Biblioteca.

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Atualização em 30/01/2006.

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