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Hieronymus Bosch
A Morte e o Avarento, 1485-90, óleo sobre madeira, 92,6 x 30,8 cm. National Gallery of Art – Washington: www.nga.gov
 

A Morte e o Avarento

Os trabalhos de Bosch carregam um rico repertório simbólico e refletem preocupações moralistas. Bosch pinta cenas da vida de Cristo ou de santos confrontados com o mal, visões apocalípticas (ver Ciclo da Vida) e alegorias de caráter moral. Suas obras diferem dos artistas do período que trabalhavam temas bíblicos por não se limitar a ambientação da cena em espaços do cotidiano da época. Ele se apropria de elementos simbólicos, tanto cristãos como pagãos, provérbios populares, iluminuras, textos religiosos, canções, obscenidades, trocadilhos e até seres sobrenaturais. Suas imagens são traduções visuais de metáforas verbais, profundamente ligadas à linguagem, costumes e doutrinas de sua cultura.

A Morte do Avarento é uma de suas obras de cunho moralizante. A cena é ambientada em um quarto da época e mostra o momento da morte do homem avarento. Mas não apenas isso. O personagem principal mostra-se perturbado, indeciso entre o anjo que aponta em direção a um crucifixo e um demônio que lhe oferece um saco de dinheiro... é seu último momento, a morte com a foice já o espreita.

A avareza é um dos sete pecados capitais e está entre as tentações finais descritas no Ars Moriendi (Arte de Morrer), um livro de devoção da Idade Média, provavelmente escrito em 1400 e muito difundido mais tarde na Alemanha e nos Países Baixos. A Morte do Avarento tem profundas ligações com as ilustrações e descrições desse livro, que contava como os diabos se comportavam à volta da cama de um moribundo.

O corpo humano em Bosch não é exaltado como no Renascimento, mas é retratado como uma estrutura frágil, suscetível ao sofrimento e ao pecado. O homem do norte europeu costumava representar a natureza humana propensa ao pecado, corrompida desde a queda do paraíso, impelida a tentar combater as tentações, evitar os pecados e desobediências aos ensinamentos religiosos. Na pintura de Bosch, cada elemento possui um significado didático visando este fim.

Essa grande quantidade de pormenores iconográficos minuciosos torna impossível uma fácil apreensão da obra. Na época os nobres procuravam obras com alegorias de natureza moralizante mas com uma narrativa não muito obvia, cujo significado global só fosse acessível a um público limitado. Procuravam nessas obras mais complexas um diferencial que lhes atribuísse mais prestígio. Bosch não utilizou a técnica meticulosa de Van Eyck e Weyden.

A pequena arca, colocada aos pés da cama do avarento, foi apropriada (ver Apropriação) para o Sótão da mansão de Quelícera, onde se encontra fechada, guardando uma surpresa para o jogador.

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Atualização em 30/01/2006.

Apresentação do Site do Educador


 


Mesa dos Sete pecados capitais