Hans
Baldung Grien
A música, 1529, óleo sobre madeira, 83 x 36 cm.
Pinacoteca Antiga de Munique – Alemanha: www.historiarte.net/munich/017.html
A Música
A música foi concebida para formar par com outra obra do artista, de mesmas dimensões e técnica, intitulada A prudência. Formam juntas uma alegoria que trata dos temperamentos humanos. Em ambas as telas, vemos mulheres nuas e sensuais em atitudes singulares entre si e acompanhadas de objetos simbólicos relacionados ao tema das imagens. Em A prudência, Baldung destacou a atitude comedida da personagem que, ao mesmo tempo em que deslumbra sua beleza em um espelho, aprisiona a cobra que lhe espreita com um pisar certeiro. Em A música, vemos uma atitude mais descontraída da personagem. Seu corpo expressa relaxamento, sua face mostra tranqüilidade, seu olhar é sereno e sua posição é bem mais sensual do que a da personagem da tela anterior. Para muitos, esta última imagem está relacionada à figura mitológica de Vênus. O instrumento musical ali representado só vem a destacar a elevada sensibilidade e riqueza espiritual da alegoria (ver instrumentos musicais). Um gato branco, igualmente sereno (talvez preguiçoso), faz companhia à jovem. Esse é um animal de simbologia ambígua, que transita entre a vida e a morte, e atua tanto como guardião da entrada do espaço sagrado quanto como serviçal no inferno. Na imagem de Baldung, o gato é exatamente o elo cromático de ligação entre a obscuridade da vegetação, representada em contra-luz, e o céu claro no último plano da imagem.
No contexto da Reforma Protestante, Baldung transitou dos temas religiosos às alegorias profanas. Em suas últimas obras ele mesclou esses dois temas, e A prudência pode ser vista como um exemplo disso. Por mais que sua personagem denote sensualidade e o título da obra sugira tratar-se de uma alegoria (principalmente por mostrar-se em par com A música), ela faz referência a uma passagem do Velho Testamento (Gênesis 3.l5) que diz que Deus imprimiu um castigo à Eva e à serpente pelo pecado original - a serpente foi ferida na cabeça pela mulher, mas ao mesmo tempo picou o calcanhar dela.
O instrumento musical desta imagem foi apropriado (ver Apropriação) e encontra-se no Claustro da mansão de Quelícera. A pintura também foi citada na íntegra no Quarto da Mansão, onde aparece como um quadro na parede do ambiente.
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Atualização em 30/01/2006.
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