São 
          Jerônimo - Cardeal
        A 
          partir de 1590, El Greco pintou retratos 
          que demonstraram a formação de uma nova espiritualidade 
          em sua linguagem artística, combinando questões aparentemente 
          antagônicas: realismo e espiritualismo. Tais retratos destacam-se 
          pela expressividade e por capturarem os meandros psicológicos 
          do retratado, chegando a refletir a alma do personagem através 
          de seus olhos.
          
          No caso de São Jerônimo - Cardeal, El Greco nos 
          apresenta o santo sobre um fundo neutro com a bata carmesim de um Cardeal, 
          olhando fixamente para o espectador de uma forma tão verossímil 
          que nos faz acreditar, por algum tempo, que a obra seria um legítimo 
          retrato de uma personalidade da época do artista. Essa característica 
          do retrato se dá também pelo fato de que El Greco tinha 
          o costume de servir-se de pessoas de sua época como referência 
          para os personagens de suas obras. O modelo que foi retratado como São 
          Jerônimo aparece em outros quadros, como São Pedro e São 
          Paulo e Santo André e São Francisco.
          
          Esta representação de São Jerônimo difere 
          bastante das representações tradicionais, pois geralmente 
          o santo era visto como um eremita, acompanhado por um leão, junto 
          a um amontoado de livros, na medida em que foi ele quem traduziu a Bíblia 
          para o latim no século IV d.C. - como vemos na obra São 
          Jerônimo no seu estúdio, de Messina. El Greco 
          o representou nos moldes de um retrato, com um olhar segura, buscando 
          apoio espiritual na bíblia que tem nas mãos e aponta com 
          o polegar direito. Na iconografia 
          cristã o livro aberto significa a revelação da 
          verdade, mais do que isso, em São Jerônimo - Cardeal 
          uma frase, 
          precisamente, nos é indicada.
         
           A posição 
          frontal do personagem, o rosto e mãos alongadas e a forte latência 
          do sagrado religioso são herança do período Bizantino. 
          A dobradura do panejamento lembra as esculturas da renascença. 
          Por fim, o foco de luz empregado, fornecendo uma forte carga dramática 
          ao retrato, e a expressividade do personagem, concentrada nos olhos 
          e nas mãos do cardeal, prenunciam alguns aspectos fundamentais 
          do Barroco 
          naturalista do século seguinte.
        Esta 
          obra foi apropriada 
          para o jogo de Quelícera e aparece como um quadro no Claustro 
          da Mansão.
         
           
          >> veja a imagem no jogo
        Atualização 
          em 30/01/2206.
        Apresentação 
          do Site do Educador