Anunciação 
        A 
          obra constitui o painel central do tríptico feito pelo artista, 
          abordando um tema extremamente recorrente na arte européia do 
          século XV: a Virgem recebendo a visita do Anjo Gabriel que veio 
          anunciar a sua futura concepção divina. A luz matinal 
          leve e suave invade todo o ambiente de forma harmoniosa, sem perturbações. 
          O silêncio pode ser "ouvido" pelo espectador. A serenidade 
          da virgem, que larga delicadamente o livro que tinha nas mãos 
          a enobrece (sobre simbologia do livros em imagens artística, 
          ver Biblioteca). 
          Seu olhar lânguido está cheio de consentimento e entrega. 
          A face do anjo é de tamanha doçura que lembra o rosto 
          de uma menina. 
        No 
          todo, a obra de Weyden reafirma o mito da Virgem como uma mulher que 
          não teme o chamado de Deus, que é nobre de espírito, 
          sábia, virtuosa e pura enquanto mulher. Ela contrasta com A 
          Anunciação de Tintoretto, na qual tudo 
          é incerto: a Virgem demonstra receio ao chamado; o espaço, 
          obscuro e tumultuado, revela um mundo perigoso e repleto de contradições; 
          o anjo invade o ambiente como um furacão avassalador, imprevisível 
          e incontrolável. Na obra de Weyden, tudo é calmo e organizado, 
          não há dúvidas, não existe nada a temer.
          
          Outros elementos atuam simbolicamente aqui: os lírios brancos, 
          em primeiro plano, e o jarro, com uma bacia ao fundo, representam a 
          pureza da Virgem; a laranja ou maçã, no canto esquerdo 
          do observador, nos lembra da necessidade do arrependimento do pecado 
          original; as velas apagadas anunciam o por vir de uma outra fonte de 
          luz que trará, não apenas vida, mas salvação. 
          
          
          O ambiente interno íntimo no qual Weyden ambientou esta cena 
          - um quarto de classe média no século XV - era recorrente 
          na arte renascentista (ver Quarto). 
          Assim como a ausência de auréolas, a ambientação 
          de cenas bíblicas em locais contemporâneos confere uma 
          certa humanidade aos personagens sagrados, demarcando naturalismo 
          e a influência do humanismo 
          na arte de Weyden.
         
          Em A Mansão de Quelícera este quarto foi apropriado 
          (ver Apropriação) 
          e manipulado digitalmente a fim de atuar como um dos quartos do "Enigma 
          das três idades" - que faz referência a obra As 
          três idades do homem e a morte de Balbung -, ao qual 
          o jogador tem acesso a partir do Porão.
          
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          veja a imagem no jogo
         
          
          Atualização em 30/01/2006.
        Apresentação 
          do Site do Educador