José 
          acusado pela mulher de Potifar
          
          A história de José acusado pela mulher de Potifar pertence 
          ao Gênesis, Antigo Testamento. A essência do episódio 
          é a falsa acusação que José, escravo hebreu, 
          recebe da mulher de seu amo de que ele estava tentando violá-la, 
          quando, na realidade, ela não havia obtido sucesso ao assediar 
          José na ausência do marido. O aspecto falsário do 
          conteúdo da temática é revelado pela forma como 
          Rembrandt posicionou os personagens e enfocou a luz, lembrando uma cena 
          teatral. O pouco detalhamento do espaço - diferente dos quartos 
          das representações renascentistas, ver Quarto 
          - e a grande dramaticidade, são definidas pela iluminação, 
          que também é o elemento visual que conduz a narrativa 
          deste quadro.
          
          A figura de José recebeu a luz necessária para afirmar 
          sua inocência e serenidade. Mesmo injustamente acusado, sua alma 
          se encontra na paz de sua fé, pois sabe que qualquer manifestação 
          para se defender seria em vão. Entrega seu destino ao bom senso 
          do amo ou às mãos de Deus.
          
          A protagonista, falsa e forçadamente perplexa, foi salientada 
          pela luz. Sua figura está entre os dois homens: o jovem, que 
          a rejeitou, e o marido, que é a sua realidade. Os diversos aspectos 
          psicológicos que decorrem da relação do casal, 
          da mentira à solidão, como também a passividade 
          de José, estão expressos pela luz e pela cor. José 
          é uma figura sem contrastes enquanto a mulher, iluminada mais 
          fortemente, gesticula falsamente sua aflição. 
          
          Potifar, o coadjuvante, foi posicionado numa zona mais sombria - resta-lhe 
          fingir acreditar na esposa. A tristeza e decepção, em 
          função da atitude da mulher, é visível em 
          todo o seu corpo. Observa-se no quadro a importância que Rembrandt 
          dá ao corpo de seus personagens como instrumento para traduzir 
          os sentimentos de cada um.
          
          A cor foi trabalhada num conjunto harmônico, em tons ressaltados 
          pela luz, sobressaindo-se a capa vermelha de José que a mulher 
          aponta a fim de provar sua acusação. A capa é um 
          elo visual entre o casal e José e um importante elemento para 
          o aspecto pictórico da obra (ver Masmorra). 
          Há também uma grande área escura que colabora com 
          a definição do foco da cena e de seus elementos significativos. 
          Para Rembrandt, os recursos do claro-escuro eram os mais apropriados 
          para expressar as qualidades pictóricas e os valores espirituais. 
          Assim o fez ao longo de sua vida, observando as características 
          e os mistérios da natureza humana e a melhor forma de expressá-los 
          plasticamente.
          
          Em A Mansão de Quelícera a obra aparece como quadro 
          no Quarto (ver Apropriação). 
          Não é, porém, um quadro como os demais da Mansão, 
          pois esconde um segredo, uma chave útil para o deslocamento do 
          jogador. 
        
        Apresentação 
          do Site do Educador