A
rte Pública, Contextualidade Social da
Arte Hoje

Dr. João Spineli
Professor do curso de Pós-Graduação em Artes, Departamento de Artes Plásticas ECA/USP

 

            No território público, onde os símbolos artísticos podem ser polemizados, discutidos é evidente a capacidade da arte potencializar, nos indivíduos e nas comunidades, identificações estéticas, sociais, econômicas e políticas. A arte pública pode-se reconstituir o tecido social, tão danificado em praticamente todos os países desenvolvidos tecnologicamente; assim as obras de arte participam da cidade como significativos marcos referenciais. O ser humano precisa do incentivo que a arte pode provocar, em especial quando asfixiado pela poluição visual, olfativa e sonora das grandes cidades, cada vez mais carentes de jardins, parques, monumentos e de áreas cívicas para manifestações populares, contestações e debates.

            O significado da arte em seu domínio público aparece em espaços permeados de conflitos e contradições. Pensar em arte publica é pensar sobre a vida social. O cotidiano une as relações, não apenas as sociais, mas as espaciais, intrínsecas a um território, a uma comunidade. As manifestações artísticas idealizadas para os espaços públicos redimensionam e/ou possibilitam articulações de uso do próprio espaço público, criando formas de apropriação e de organização social e, algumas vezes, até simbólicas, que requalificam a própria vida do indivíduo, da localidade e da comunidade circunscrita a essas manifestações/idealizações. Uma "territorialização" que promove relações simbólicas e solidariedades que delineiam novos campos de ação cultural.

            As cidades contêm sinais, alegorias, memórias, mistérios e símbolos impregnados da sua própria história. As relações com o espaço urbanístico determinam-se fora do convencional. A cidade não existe dissociada da sociedade que lhe outorga significados/significantes.

            A arte pública foi muitas vezes pensada como elemento aglutinador, alusão simbólica, ponto referencial da cidade no que ela tem de história, de espiritualidade e fantasia - algumas vezes como imagens de ostentação e poder: os obeliscos, as catedrais góticas, as torres; a Torre de Babel era um projeto de arte pública metafórico que possibilitaria ao homem alcançar a divindade e o próprio céu...

            Muitas vezes desconhecemos os nomes das ruas, avenidas e praças, mas não esquecemos, visualmente, da localização espacial de alguns emblemas visuais como os monumentos às Bandeiras de Victor Brecheret, em São Paulo, a Torre Eifell, a Estátua da Liberdade e o Cristo Redentor no Corcovado, pontos de convergência, intersecções urbanas que se transformam em imagens simbólicas, privativas (peculiares) da cidade. Sinais imbricados no cotidiano do mapa geográfico urbano, marcos que balizam o próprio espaço físico e as próprias relações sociais, inclusive as pessoais.

            Para Walt Witman: "a cidade é a mais compreensível das obras criadas pelo homem", enquanto para Paulo Mendes da Rocha "a cidade em sua essência, em sua estrutura, em sua capacidade de satisfazer os interesses fundamentais do gênero humano, seria a obra de arte por excelência... a suprema obra de arte do gênero humano..." O mesmo autor complementa: "a essência da arte é a sua dimensão pública" (nota 1).

            Além do ato criador, inerente ao processo idealizador, o artista procura destacar a complexidade de usos e significados dos espaços públicos, criando referenciais que organizam e redimensionam a vida cotidiana. A arte pública anexa à paisagem e à arquitetura, uma abordagem crítica da memória oficial, burocrática da cidade, que estratifica e cristaliza no cidadão um único significado histórico ou social do monumento. O artista deve sugerir ao observador uma reflexão mais ampla: estética, política, histórica, social e crítica da importância dos espaços de livre trânsito para a população, pois conforme afirmação de Giulio Carlo Argan a cidade representa, sem dúvida, a maior parte da nossa vida (nota 2).

            O artista contemporâneo não pode esquecer dos problemas/obstáculos relacionados às obras de arte em espaços públicos e, em especial, os provocados pela desindustrialização, que abandona, nas grandes metrópoles, edifícios, equipamentos e fábricas, em função da tecnologia que, cada vez mais, reduz os espaços reservados ao trabalho e os empregos.

            Além da desindustrialização o artista deve, também, procurar equipar com a sua arte as regiões periféricas, vítimas da ocupação desordenada, irregular das metrópoles, sempre distante dos equipamentos e obras de arte de uso da elite econômica/social - comum a todos os grandes aglomerados humanos.

            A periferia é uma área desguarnecida de monumentos e de qualquer outro tipo de interferências artísticas, nunca pensadas para as regiões suburbanas desconectadas de ações culturais (palestras, oficinas, workshops, shows, concertos, bibliotecas e museus) que dirimam, um pouco, o sofrimento destas áreas, tão sacrificadas pela falta de planejamento urbano.

"... é no mínimo curioso que, cada vez que se fala em sociedade e em comunidade, se exclua, relegando-os aos subúrbios periféricos, justamente os que, além de constituir a parte numericamente maior da população, são os protagonistas mais diretos da chamada função urbana." (nota 3)

            Bairros distantes dos centros administrativos e ou econômicos desconhecem a contribuição da arte para a criação, concretização, de um repertório alegórico típico a cada zona urbana, em contraponto às cicatrizes deixadas pela ocupação caótica da terra: viadutos e pontes inacabados, lixo abandonado á vista dos moradores, tubulações "eleitoreiras" de água e esgoto "esquecidas" pós-eleições ad eternum pelos desgovernos políticos.

            As interferências plásticas - com suas formas, volumes e cores - possibilitam ao ser humano criar, em função de suas experiências e vivências pessoais - identificações simbólicas que dirimem a circunscrição caótica da linha que separa a cidade da periferia.

            Zonas desocupadas, muitas vezes, cobertas de entulhos, relegadas a todo tipo de intempéries podem, mesmo que temporariamente, ser revitalizadas por intervenções visuais, cênicas ou musicais que amenizam o olhar do desprestigiado trabalhador da periferia em sua volta diária do trabalho para o seu lar.

            Intervenções estético/críticas que alteram o caráter precário, desagregador da paisagem urbana, redivivem a percepção visual e sonora, além de enfatizar vínculos com a região e evidenciar outras concepções de propriedade pública e privada, diferentes das convencionais: de poder e posse absolutas da terra, que permitam rearticulações de espaços inscritos a uma progressiva conscientização do significado das expressões pessoais e ou coletivas. Articulações que redimensionam a construção de identidades, desvinculadas das tradicionais estruturas opressivas que desqualificam o espaço urbano, tão carente de planejamento, mas sobrecarregado pela poluição visual que esconde, muitas vezes, detalhes da arquitetura e do paisagismo significativos para o entendimento da história e evolução da cidade.

            Projetos artísticos articulados com o entorno urbano, interessados com a organicidade estrutural de processos construtivos populares, próximos ao modus-vivendi da comunidade geram inusitadas informações de gosto estético, peculiar do habitante periférico aos grandes centros administrativos. Os seus anseios e aspirações não são iguais às necessidades visuais, estéticas da elite intelectual e econômica que vivenciam uma realidade diametralmente oposta à convivida nas áreas desurbanizadas, deterioradas dos arrabaldes suburbanos das megalópoles. A maioria das cidades nos leva a perguntar quão público é o espaço público para os menos afortunados que resistem heroicamente nos arrabaldes das metrópoles?

            A dimensão cartográfica da metrópole não tem medida, pode dissolver, em parte ou em sua totalidade uma obra de arte pública. Cada região apresenta uma estrutura urbana, paisagística que demanda soluções especiais. Na tessitura das metrópoles os monumentos e as intervenções tridimensionais são marcos que ligam o próximo do distante, o simples do complexo e o estético ao cotidiano. Assim, a localização da obra de arte deve dialogar, de forma alusiva ao significado ou uso do local.

            Um projeto de intervenção urbana tem como ponto de partida a cidade contemporânea. O paisagismo, o urbanismo, os sons e a própria arquitetura do lugar são continuamente redesenhados (pela própria evolução e algumas vezes pela involução das cidades: poluição, trânsito), se cruzam nas diversas linguagens e suportes artísticos. Para Rosalind Krauss o percurso histórico, cronológico é o fio condutor da organização/distribuição da metrópole: "...o novo é mais fácil de ser entendido quando visto como uma evolução de formas do passado. O historicismo atua sobre o novo e o diferente para diminuir a novidade e mitigar a diferença. A evocação do modelo da evolução permite uma modificação em nossa experiência... ...Ademais, nos confortamos com essa percepção de similitude, com essa estratégica, para reduzir tudo que nos é estranho, tanto no tempo como no espaço, àquilo que já conhecemos e somos"(nota 4).

            A história dos materiais e técnicas está presente na memória inscrita dos objetos. Marcas, documentos, resíduos que resistem ao apagamento dos registros vivenciais de quantas pessoas habitaram aquela região onde está situada a obra de arte pública. Uma investigação sobre os processos tecnológicos, manuais, químicos, físicos, óticos, além da documentação fotográfica ou cinematográfica, são referências de percepção e apreensão da arte pública. Assim, é possível mapear a cidade, contar a sua história, delinear o horizonte urbano como pano de fundo da multiplicidade das experiências e linguagens, que caracterizam a produção artística, constroem novas paisagens via arte. Um espaço sem fronteiras, tangenciado pelas múltiplas possibilidades de criação: monumentos, esculturas, pinturas murais, objetos tridimensionais, além do paisagismo e da arquitetura que requalificam e vivificam as metrópoles.

            A fronteira criativa entre a arte e a ciência, a ciência e a tecnologia, colabora com o desenvolvimento transdisciplinar de idéias, estratégias inovadoras para a vida contemporânea.
Uma arte que se faz nas ruas, nas praças, nos muros e nos circuitos eletrônicos. A cidade como um grande museu aberto, em trânsito. Parafraseando Walter Benjamin: "Não saber se orientar numa cidade não significa muito. Perder-se nela, porém, como a gente se perde numa floresta, é coisa que se deve aprender a fazer".

            A conseqüência dessa convergência de arte, ciência e tecnologia sobre o conceito que fazemos da cidade, da arte pública, da comunidade e de nós mesmos é um desafio. Ainda o artista não tem meios de considerar o que pode haver além da arte eletrônica e para onde a arte estaria sendo levada pela conectividade da Internet, pela interatividade da hipermídia e pela fluidez da realidade virtual. Timoth Leary afirmou "que as portas da percepção se abrem agora para a comunicação e criação via computador..."

            Cada vez mais são reduzidos, abolidos, da cidade os espaços públicos reservados às manifestações populares, enraizadas, típicas de uma comunidade. O proceder das megalópoles que deteriora os signos culturais criados, pela vida em sociedade amplia a necessidade de uma reflexão, mais aprofundada, sobre as inquietações geradas pela desumanização das grandes cidades e de suas implicações no que diz respeito à essência da vida, seus referenciais e da própria memória dos registros vivenciais da mesma.

            Mudanças transformadoras, humanizadoras são desejáveis por toda a população. Os projetos de arte pública que discutem e atendem aos anseios da coletividade sempre recebem apoio da comunidade que colabora para a sua concretização, conservação e preservação. Solidariedade não dogmática que cobra resposta imediata do governo, não apenas do que deve ser realizado agora, mas do já executado em arte pública.

            Inventariar, cadastrar, documentar, conservar as obras de arte existentes na cidade são preocupações de vital importância para a preservação do modo de vida do cidadão. Este cadastramento é fundamental no resguardo da memória da cidade. As obras de arte participam como marcos referenciais, reminiscências que documentam a história, vivificam, requalificam e diferenciam uma cidade da outra.

            É o olhar contemporâneo que revela, interpreta e re-significa visual e narrativamente a obra de arte, que em sua concretude retém marcas, vestígios do tempo. A arte pública registra a mentalidade de uma época, valores predominantes de uma cultura, não apenas estéticos, mas, também, éticos, sociais, políticos, econômicos, religiosos - ponto de embate entre concepções filosóficas, teológicas e morais. O estudo e o entendimento da produção artística relativos à arte pública revelam a própria evolução do olhar urbano.

            A arte pública pode ser considerada como um mediador entre desejos. O do artista que, de um lado, deflagra a constituição formal da obra e o do público receptor que anseia pelas formas artísticas para realizar uma espécie de manobra visual da sua vida simbólica, vestígio de um desejo, também, criador.

            Em sua permanência, a obra de arte tem como atributo ser um veículo de mediação, de aspiração e desejo, prestando-se, assim, como anteparo para mais de um sujeito: os sucessivos observadores, que poderão a partir de sua materialidade, reencontrar estados de enlevos que fazem acordar, num diapasão de emoções, lembranças e sentimentos.

            Toda concepção artística pressupõe uma articulação - forma de representação ou de visão de mundo. Para o artista contemporâneo, esta representação não se cristaliza numa configuração imutável, visual e historicamente. Ele pensa e sugere a sua obra desvinculada de mimetismos, uma obra aberta, atemporal, transcrita em múltiplas etapas de evolução/esquemas e possibilidades visuais que ultrapassam as transformações sociais, históricas e políticas de cada nação. Assim a imagem esculpida de David por Michelangelo para uma praça de Florença sobrevive esteticamente até os dias atuais.

            A arte pública na sua realização e ou instalação deve se adequar às condições sócio-culturais do lugar estabelecido para a sua concretização visual. É atributo do artista pesquisar e destacar a história do lugar, criar o debate, a instigação, a contestação e a imaginação criadora do espectador. Chaves indispensáveis à concepção, à intelecção estética da obra. Construir vínculos entre as pessoas, muito além das questões de raça e de classe social. Para Michael Brenson: "A arte deve desafiar e ampliar os significados da palavra pública para atingir públicos não identificados com a classe dirigente, fundamentalmente branca. Se preocupar com injustiças e conflitos esquecidos ou camuflados pela maioria das instituições de poder cultural"(nota 5).

            É necessário ultrapassar a fronteira criativa entre as artes e a ciência e entre as ciências e a tecnologia, colaborar com o desenvolvimento interdisciplinar do pensamento e das estratégias reformadoras da contemporaneidade: "Pensar de modo imaginativo e inteligente sobre arte significa trabalhar e pensar de modo complexo e criativo com as razões do poder da arte, e não simplesmente rejeitar suas associações com transcendência, riqueza, classe ou quaisquer outras que contribuíram substancialmente para a necessidade da arte através do tempo (...) Nenhum tipo de estratégia artística tem significado universal (...) Nos últimos anos a colaboração entre a comunidade e público tornaram-se questões cruciais na arte pública (...) As provações e dramas dos artistas que trabalham na esfera pública não são externos, mas internos as provações e dramas de nossas vidas individuais e coletivas"(nota 6).

            A vida contemporânea está atravessando mudanças radicais inevitáveis, transformações que revelam as várias cidades/realidades que estão contidas em uma única megalópoles - sintaxe urbana, exercício permanente de compreensão e apreensão da cidadania.

            As cidades sempre exerceram um desafio criador para os desenhistas, gravadores e pintores. Atualmente as metrópoles fascinam fotógrafos, cineastas e "videomakers". Por isso a arte pública, nos dias atuais, tem a sua melhor documentação nos meios mecânicos de representação.
Para Serge Lemoine a arte pública propicia uma certa educação visual que possibilita ao público da rua, da vida cotidiana, estar em contato com expressões artísticas contemporâneas (nota 7), que desafiam as normas sociais, questionam a própria noção de espaço público e eliminam as barreiras que separam a arte da vida. Todavia para Rosalind Krauss as esculturas/monumentos da segunda metade do século XX, pela ausência explícita de conteúdos figurativos, narrativos se caracterizam pelas formas tridimensionais que não pertencem nem a paisagem (natureza) ou a arquitetura (urbanismo).

            A arte pública é ainda, uma prática social, uma apropriação estética do espaço urbano que pode promover mudanças sociais, interligar e modelar a construção afetiva/coletiva de uma cidade.

            No entanto, a concretização ideológica/social desta manifestação artística é permeada de contestações e conflitos. As relações propiciatórias às práticas sociais próprias dos espaços coletivos - compartilhados com a coletividade sinalizam vertentes construtivas de uma cultura multifacetada e dinâmica. Articulações estéticas que incitam e requerem do artista/criador e do futuro espectador/usufruidor um debate contextualizador (sócio, político, econômico) representativo daquela comunidade.

            Os espaços urbanos se alteram em decorrência das transformações da malha urbana e da sua importância estratégica enquanto alvo de investimentos. Para Richard Sennet a transformação dos espaços públicos (outrora de uso exclusivo da comunidade) a corredores de passagens e traslados tem contribuído para a desvalorização da vida em público. Inúmeros monumentos, em inúmeras cidades foram desmontados, destruídos, descaracterizados e/ou reimplantados a quilômetros de distância do seu projeto original, como aconteceu em São Paulo, com o Monumento a Ramos de Azevedo, retirado para redimensionar o fluxo da região central e reinstalado na Cidade Universitária - USP.

            Neste final de milênio a compreensão espaço temporal e as estratégias globalizantes de obtenção de lucros cada vez maiores e mais rápidos via informatização e uso de tecnologia de ponta reduziram também os projetos de arte pública às manifestações descartáveis, transitórias, passageiras, transformando "mercadologicamente" os espaços públicos a meras áreas de passagem e de traslados rápidos, impessoais, definidos por Marc Augé como Não-Lugares: "... o espaço do não-lugar não cria identidade singular nem relação, mas solidão..." (nota 8). São espaços eximidos de todo caráter comunitário, social, histórico. Espaços desterritorializados, atemporais. Daí a importância da territorialização e reapropriação espaço-temporal construtiva, comunitária que a arte pública pode, mesmo nos dias atuais, alcançar.

            Como, felizmente, não coexistem de forma simultânea pelas cidades - em seus diferentes bairros e territórios, um padrão dominante de comportamento, certas manifestações artísticas ocorrem diferentemente, resignificando os territórios e reconstruindo simbolicamente as regiões pela participação ativa do usuário que pluraliza significados pelo uso dos espaços desvinculados das imposições estéticas globalizadas, simulacros cultivados pela cultura do agora e do efêmero. Deste modo, ao reconhecer a representação dos anseios e aspirações sociais (sem esquecer as reinvenções de acontecimentos referenciais do passado e da memória coletiva do lugar), a obra de arte pública reforça a cidadania, redimensiona simbolicamente - vice-versamente - a arte e a própria cidade.

            A partir dos anos 50 e em especial nos anos 70, em plena ditadura militar, alguns artistas pensaram a arte procurando destacar, além dos aspectos estéticos, a complexidade de usos e significados dos espaços públicos. Assim, a partir de suas experiências e perspectivas individuais, redesenham pelas cores, formas, luzes e sons da obra de arte o espaço paisagístico próximo ao local de sua implantação, propiciando, desta forma, ao espectador, novas possibilidades de leitura e de percepção da sua própria vida em comunidade.
            

            O conceito de arte pública ultrapassa qualquer especificidade temporal ou conjuntural, estende-se como uma nova possibilidade de análise da obra de arte. A questão da "compreensibilidade" da obra artística torna-se central quando a analisamos sob o ponto de vista da possibilidade de deslocamento de um meio específico (museus, galerias) para um outro não tão específico, uma praça pública, por exemplo.

            O inevitável questionamento, quando se aborda o tema, sobre o que é público ou privado, o que é específico ou geral ou sobre o que é circunstancial ou eterno remete invariavelmente ao questionamento da obra de arte em si e de suas possibilidades intrínsecas de transformação, tradução, contestação ou veiculação dos valores culturais do homem na sociedade.

 

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Notas:

1) Paulo Mendes da Rocha. O espaço como suporte para a arte pública. in: ARTE PÚBLICA. São Paulo. SESC. 1998. p. 31.>>>

2) Giulio Carlo Argan. História da Arte como História da Cidade. São Paulo. Martins Fontes. 2ª edição, 1995. p. 228.>>>

3) idem. ibidem. p. 231.>>>

4) Rosalind Krauss. Sculpture in the Expanded Field. Essays on Post Modern Culture. Washington. Bay Press. 1986.>>>

5) Michael Brenson. Perspectivas da Arte Pública in ARTE PÚBLICA. São Paulo. SESC. 1998. p. 19.>>>

6) idem. ibidem. p. 19.>>>

7) Serge Lemoine. A encomenda de Arte Pública na França. in ARTE PÚBLICA. São Paulo. SESC. 1998. p. 213.>>>

8) Marc Augé. NÃO LUGARES. Introdução a uma antropologia da Supermodernidade. Campinas. Papirus. 1994. p. 95.>>>