ver a imagem no jogo


Vincent van Gogh
Natureza-morta com Bíblia
, 1885, óleo sobre tela, 67 x 78 cm. Van Gogh Museum, Amsterdã – Holanda: www.vangoghmuseum.nl
 

Natureza-morta com Bíblia

O gênero de Natureza-Morta foi muito apreciado durante o século XVII na Holanda, e Natureza-morta com Bíblia nos remete a essa tradição.

Van gogh retratou junto à Bíblia aberta, a novela do escritor francês Émile Zola, La joie de vivre. Ambos os livros relacionam-se com a lembrança do pai do pintor, o pastor Theodorus Van Gogh, que faleceu em março de 1885. A presença da vela apagada pode ser associada à idéia da morte, da ausência do pai. A Bíblia pintada lhe pertencia, mas o livro de Zola era de seu profundo desagrado.

O olhar do pintor foi próximo aos objetos, mas não houve uma representação detalhada dos elementos. As cores foram usadas de forma densa, tendendo aos tons escuros, embora não tanto quanto em Os comedores de batatas. Ele usou o recurso do contraste para valorizar os tons escuros (baseados no betume, no bistre, nos terras, nos negros azulados), conduzindo a atenção do espectador para a borda branca das páginas do livro aberto. Ele aplicou também seus estudos sobre teoria da cor, realizados nesse período, espalhando o amarelo da capa do pequeno livro pela toalha da mesa e pela Bíblia, criando uma intensidade cromática que quebra o aspecto tradicional, que poderia ser denotado pela presença de castiçais e do livro sagrado. Como vemos aqui, Van Gogh era extremamente ousado em suas pinturas, não tinha medo de tema algum e desafiava-se no uso da cor e do gesto constantemente. Foi um ano mais tarde, porém, quando conheceu os
impressionistas, que mudou definitivamente sua paleta cromática.

O misterio, muito próprio do sentimento religioso, que este quadro evoca esteve presente de forma intensa entre
maneiristas como Tintoretto e El Greco, mais de 300 anos antes. Van Gogh, abordando tal conteúdo de forma subjetiva, traz para a composição objetos vinculados não só ao seu pai, mas a ele mesmo. A Bíblia foi um dos livros que van Gogh estudou em diversos momentos de sua vida. Voltou-se obstinadamente para a religião por volta de 1875, após uma grande desilusão amorosa ocorrida à época que trabalhava em Londres. Quando optou por ser missionário, pregador do Evangelho entre os mineiros e camponeses, viveu essa experiência com a mesma paixão que depois teve em relação à arte. No quadro, a Bíblia tem uma presença imponente. Sua leitura está ligada ao mundo do espírito, nos remetendo a uma reflexão sobre a morte e a religião, a vida e a fé - questão também presente em sua obra Caveiras.

Van Gogh expressa em seus contrastes de claro e escuro e das cores que emprega as ambigüidades de sua época, da tensão sugerida entre a modernidade de fins do século XIX, representada pela presença da novela de Émile Zola, e a tradição cristã da Sagrada Escritura.

Em A Mansão de Quelícera, a Bíblia de van Gogh foi apropriada (ver Apropriação) e aparece sobre uma mesa, no ambiente da Biblioteca.

>> veja a imagem no jogo


Atualização em 30/01/2006.

 

Apresentação do Site do Educador




O Escolar



Os Comedores de Batatas


Três pares de sapatos


O bebê Marcelle Roulin


Cadeira de Paul Gauguin


Caveira


Terraço do café na Place du Fórum