Jovem
com uma Medalha de Cosimo, o Velho
O
gênero do retrato
tornou-se freqüente na arte a partir do século XV, tanto
na parte sul como na norte da Europa. Teve grande difusão tanto
na corte e no clero como na burguesia
urbana emergente da época.
No caso desta obra de Botticelli existe um enigma sobre o personagem
jovem que nos mostra a medalha com a figura de Cosimo de Médici,
o Velho. Muito se sabe sobre Cosimo: um homem de destacado poder político
e econômico na Itália do Início da Idade
Moderna,
que viveu entre 1389 e 1464. Seu poderio partiu de Florença,
cidade que governava e na qual vivia, mas alcançou outras regiões
da Europa, uma vez que pertencia a uma família de banqueiros
depositária das riquezas de muitos nobres, e até do clero,
da época. Cosimo também foi um importante mecenas
e impulsionador do humanismo,
fundador de uma academia para estudo de textos clássicos e da
primeira biblioteca pública italiana. Mas, o mistério
desta obra está na identidade do jovem que segura a medalha.
Ele pode ser reconhecido como um membro da família Médici,
ou como um comerciante ou aliado político da família,
mas não existe certeza sobre essa questão.
Nos primórdios do Renascimento
havia a preferência pelo retrato de perfil. Mais tarde surgiram
retratos que representavam o personagem da cintura para cima (chamados
bustos) e em escorço (a partir do ângulo frontal). Nestes
últimos o personagem ficava em comunicação visual
com o espectador, como na obra de Botticelli: o jovem está com
o olhar fixo e destacado sobre o espectador. Os olhos esverdeados dele
estão bastante valorizados pelo cabelo escuro e longo que emoldura
o rosto e, sobretudo, pela touca vermelha sobre a cabeça, criando
um contraste de cores complementares.
Botticelli pinta o personagem sobre um fundo de paisagem, em que aparece
um rio refletindo um brilho intenso e dourado. Este faz contraponto
com o dourado da medalha e com a luz intensa presente no rosto do jovem.
Ainda, Botticelli procura registrar os traços individuais do
personagem fazendo com que a influência do humanismo seja
evidente.
No contexto histórico de Botticelli o homem e o mundo terreno
foram valorizados, as obras desse período mostram isso: as cenas
representadas, mesmo as bíblicas, eram ambientadas em meio ao
habitat cultural renascentista. Foram criadas obras completamente independentes
da Igreja e dos dogmas religiosos, como os retratos de burgueses (a
obra de Holbein
é outro bom exemplo disso).
Esta
obra foi incorporada (ver Apropriação)
ao jogo A Mansão de Quelícera e aparece como um
quadro na parede esquerda do Sótão, justamente o ambiente
em que os ancestrais de Quelícera guardaram seus maiores tesouros.
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veja a imagem no jogo
Atualização
em 30/01/2006.
Apresentação
do Site do Educador